Em uma tarde ensolarada de maio, fomos calorosamente recebidos pelo cacique Ronildo Amandios, também conhecido como Werá Mirim, na Aldeia Paranapuã, em São Vicente.
Chegamos enquanto ele aplicava cal nas extremidades do campo de futebol, preparando o espaço para uma partida marcada para o dia seguinte.
Nesta entrevista, o cacique compartilha aspectos da vida na aldeia, os desafios enfrentados por ele e por outras lideranças indígenas que ali residiram, além de destacar o papel fundamental do pajé na preservação dos saberes ancestrais. Ronildo também aborda o preconceito histórico sofrido pelos povos indígenas e a difícil convivência com o “homem branco”, da qual não podem se esquivar.
Localizada na cidade de São Vicente, a aldeia enfrenta inúmeras dificuldades, especialmente no diálogo com o poder público. O cacique relata os obstáculos para obter respostas das secretarias municipais — em especial da Saúde — no tocante a questões essenciais como o saneamento básico e o bem-estar da comunidade.
Por fim, ao refletir sobre a proposta de implementação local da Lei de Proteção ao Patrimônio Imaterial, Ronildo ressalta que a medida, além de valorizar a cultura indígena, também traria benefícios diretos para o Município, promovendo o reconhecimento e a salvaguarda dos saberes tradicionais.